GBCI 2024: O Risco Multinacional E Como Ele Molda O Ambiente Corporativo

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Com a crescente instabilidade geopolítica, as organizações devem lidar com fatores como a perturbação da cadeia de abastecimento, barreiras comerciais e elevados preços de energia que afetam a complexidade corporativa.
Worldwide Corporate/Commercial Law
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Com a crescente instabilidade geopolítica, as organizações devem lidar com fatores como a perturbação da cadeia de abastecimento, barreiras comerciais e elevados preços de energia que afetam a complexidade corporativa. No segundo dos três temas abordados no Índice Global de Complexidade Corporativa 2024 (Global Business Complexity Index – GBCI) da TMF Group, analisaremos as medidas que as empresas estão tomando para neutralizar estes desafios, incluindo a terceirização e as reconsiderações com relação aos planos de expansão.

Os aumentos dos preços de energia foram destacados como o impacto mais significativo da instabilidade geopolítica, o que resultou em muitas jurisdições revendo planos de crescimento potencial e objetivos de expansão. A terceirização está em ascensão, com muitas jurisdições também adotando a integração regional como meio de acesso a novos mercados.

Os aumentos dos preços da energia são vistos como as maiores consequências da instabilidade geopolítica

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Estes números são, em grande parte, impulsionados pela região da Europa, Oriente Médio e África (EMEA) e pelas dez jurisdições menos complexas, onde mais da metade destaca os aumentos dos preços da energia como o maior impacto da instabilidade geopolítica. Por outro lado, a região da Ásia-Pacífico (APAC), a América do Sul e as dez jurisdições mais complexas perceberam maior impacto na perturbação das cadeias de abastecimento, registrando índices de 54%, 50% e 33%, respectivamente.

Como era esperado, a Guerra na Ucrânia, o bloqueio do Mar Vermelho e o desgaste nas relações entre os EUA e a China Continental tenham sido identificados como questões geopolíticas importantes que geram graves perturbações nas cadeias de abastecimento globais.

Um exemplo disso é que as jurisdições que dependem da Ucrânia para exportações agrícolas agora devem encontrar alternativas a preços menos competitivos, enquanto o bloqueio do Mar Vermelho está gerando graves atrasos no fornecimento de produtos químicos. Na mesma linha, a deterioração das relações entre os EUA e a China Continental foi identificada como uma causa de perturbações na cadeira de abastecimento, devido ao aumento das barreiras comerciais e, em alguns locais, a sanções. As jurisdições estão tendo que se alinhar com um dos dois blocos e, portanto, suspendendo as relações comerciais com o outro lado.

A principal questão geopolítica é o embate entre os EUA e a China Continental, onde a Austrália tomou como posição o lado dos EUA. Isso gerou tensões comerciais com a China Continental, que impôs restrições a certas exportações australianas. A inflação nos salários, preços do petróleo e imóveis na Austrália afetou negativamente as empresas, levando ao congelamento de contratações.
Expert da TMF Austrália

However, supply chain disruption has not necessarily negatively impacted all jurisdictions - for some, it is an opportunity to take market share from previously successful players.

No entanto, a perturbação da cadeia de abastecimento não gerou, necessariamente, um impacto negativo em todas as jurisdições – para alguns, ela se tornou uma oportunidade de conquistar uma parcela do mercado que antes era reservada aos players mais bem-sucedidos.

A guerra na Ucrânia, por exemplo, significou uma redução expressiva nas exportações de trigo da Rússia e da Ucrânia. Como resultado, muitas jurisdições passaram a buscar um fornecedor de produtos agrícolas em outros lugares. Isso não apenas proporcionou à Argentina uma oportunidade para aumentar suas exportações, mas a diminuição da circulação de trigo também significou a possibilidade de aumentar seu preço de exportação. Os experts da TMF Group na Argentina destacaram que, embora esta seja uma das áreas-chave para o crescimento do país, ela não está isenta de desafios. Rígidas cotas de exportação são impostas pelo governo para garantir que haja grãos suficientes disponíveis para o consumo interno. Esta medida limitará o quanto o país pode aumentar as suas exportações para satisfazer a demanda. O custo dos fertilizantes também aumentou devido ao conflito na Ucrânia. Isso tem gerado grandes implicações em termos de rentabilidade para os agricultores na Argentina que necessitam de mais fertilizantes para atenderem à crescente demanda. Este é um bom exemplo de onde a perturbação da cadeia de abastecimento pode ter um impacto positivo em uma jurisdição em desenvolvimento, desde que seus sistemas estejam prontos para responderem de maneira flexível.

Da mesma forma, o Vietnã está se beneficiando da Política "China Plus One", na qual as jurisdições buscam por centros de produção mais rentáveis fora da China Continental.

Em destaque: Economias ponte

A polarização está ocorrendo em todo o mundo, com o enfraquecimento das relações entre os EUA e a China no centro deste novo movimento. Os fluxos comerciais globais estão mudando rapidamente e, como resultado, estamos observando o surgimento de novas economias ponte, que desempenham um papel de neutralidade entre os blocos de poder dos EUA e da China. À medida em que as relações entre EUA e a China Continental continuam se deteriorando, ocorrem duas tendências: tanto a ampliação como a mudança das cadeias de abastecimento.

A Bloomberg identificou cinco principais players neste processo – México, Vietnã, Indonésia, Polônia e Marrocos1. De acordo com a Bloomberg Economics, estes países juntos acumularam US$4 tri em produção econômica em 2022, ultrapassando a Índia e aproximando-se da Alemanha e do Japão2.

A ampliação das cadeias de abastecimento fez com que as empresas transferissem a produção da China Continental. Esta medida não rompe a ligação com o comércio chinês, uma vez que muitas destas paradas adicionais estão altamente integradas à economia da China Continental.

Para combater a instabilidade geopolítica, as jurisdições estão recorrendo à terceirização

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Experts da TMF Group em todo o mundo destacaram os desafios envolvidos na contratação de funcionários no cenário atual do mercado. Um pool de talentos oneroso e cada vez menor está resultando em custos mais elevados de recrutamento e contratação, o que levou muitas jurisdições a recorrerem à terceirização.

Quase todas as regiões – com exceção da América do Norte – têm recorrido à terceirização em grandes proporções. As jurisdições da Ásia-Pacífico estão terceirizando a uma taxa mais elevada de 86%, em comparação aos 42% registrados na América do Norte. A terceirização permite que as empresas lidem com os desafios econômicos com elevados graus de flexibilidade, agregando expertise para contratos de curta duração apenas quando necessário. O elevado nível de terceirização também é refletido nas dez jurisdições mais e menos complexas, com taxas de 78% e 75%, respectivamente.

Acredito que se os clientes confiassem no setor de recursos humanos, isso seria muito mais arriscado porque, como todos sabemos, os talentos em Hong Kong, RAE, são muito caros. Este ano, nosso pool de talentos também diminuiu porque mais pessoas estão querendo migrar.
Expert da TMF Hong Kong

Em vez de recorrer à terceirização para combater a instabilidade, a América do Norte adota diversas estratégias que incluem o fechamento de escritórios, redução do número de funcionários e congelamento de contratações. Grande parte da América do Sul (80%) também opta pela redução do número de funcionários, estando esta estratégia fortemente atrelada às leis trabalhistas de uma jurisdição. Nos casos em que os países podem demitir funcionários mais facilmente e, ao fazê-lo, criar uma força de trabalho reduzida, esta passa a ser considerada uma maneira mais fácil de compensar a instabilidade.

As jurisdições estão revisando planos de crescimento potencial e metas de expansão devido à instabilidade geopolítica

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Prevê-se que a instabilidade geopolítica mundial terá um impacto de longo prazo no crescimento (36%) e nos objetivos de expansão (34%) das organizações que operam internacionalmente. Para as jurisdições na América do Norte, este número aumenta para quase metade (46%) das jurisdições que reavaliam seus planos de crescimento potencial, e metade das jurisdições (50%) na América do Sul repensam seus objetivos de expansão.

Ao mesmo tempo, ainda que as cadeias de abastecimento estejam sofrendo com perturbações, as jurisdições estão confiantes de que esta situação se estabilizará minimamente a longo prazo, com apenas 12% delas prevendo perturbações permanentes. Este número aponta para uma confiança na capacidade do mercado global de se adaptar e identificar oportunidades em outros locais.

Fora da região da Ásia-Pacífico, muitas jurisdições consideram que as recentes mudanças nas políticas comerciais não geraram impacto

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No geral, 64% das jurisdições consideram que as recentes mudanças nas políticas comerciais não geraram impacto a nível comercial. Por outro lado, 43% das jurisdições da região da Ásia-Pacífico e 30% das dez jurisdições mais complexas consideram que os impactos foram positivos. Os experts da TMF Group que operam tanto na Ásia-Pacífico quanto em jurisdições mais complexas apontaram inúmeras políticas comerciais criadas para consolidar uma estreita ligação dentro da região.

A Indonésia e a Malásia (sendo o primeiro também identificado como um país ponte) são exemplos disso. Na Malásia, o governo implementou o New Industrial Master Plan e o National Trade Blueprint, ambos como tentativas de aumentar a capacidade de exportação com os principais players na região. A seção sobre Gestão Global de Entidades do GBCI descreve o papel da Lei Omnibus na Indonésia.

Em contrapartida, nenhuma das dez jurisdições menos complexas percebeu um impacto positivo das recentes mudanças nas políticas comerciais do governo, com um terço delas citando um impacto negativo. Alguns dos experts da TMF Group, mais especificamente da Austrália e do Reino Unido, sugeriram que este era o resultado das tensões geopolíticas mencionadas anteriormente, com jurisdições limitando ou interrompendo o comércio com certas jurisdições, ou estabelecendo elevadas alíquotas tributárias contra elas.

A maioria das jurisdições reconhece a importância da integração regional

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Três quartos das jurisdições (73%) reconhecem a importância da integração regional no sucesso organizacional. Grande parte das jurisdições da América do Norte e da Ásia-Pacífico reconhecem o benefício da integração regional (86%), enquanto na América do Sul esta proporção cai para 50%. A América do Sul também apresenta a maior proporção de jurisdições que consideram a integração regional sem importância (20%), um número elevado quando comparado ao contexto geral (8%).

Os experts da TMF Group na Ásia-Pacífico – especificamente em Singapura, Hong Kong, RAE, Vietnã, Malásia e Indonésia – observaram que a integração pode ser uma maneira benéfica de criar um fluxo comercial, de capital e de propriedade intelectual sem gerar atritos. A criação de políticas comerciais ou o aprimoramento da cooperação econômica podem não apenas melhorar a eficiência do mercado, como também conduzir a um crescimento regional mais rápido.

As jurisdições utilizam a integração regional como forma de entrar em novos mercados e para o crescimento dos negócios

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Uma grande parcela (71%) das jurisdições tiram proveito da integração regional para o crescimento dos negócios (71%) e a utiliza como uma ferramenta para entrar em novos mercados (66%). Apenas 1% das jurisdições relataram um impacto negativo da integração regional. O aproveitamento da integração regional é mais comum na América do Sul (89%) e na Ásia-Pacífico (79%) e é comumente adotada na Ásia-Pacífico (86%) para acessar novos mercados. Como foi mencionando anteriormente neste relatório, algumas economias ponte – especificamente a Indonésia e o Vietnã – são exemplos concretos de jurisdições que se beneficiam da integração regional como meio de acessar novos mercados.

Índice Global de Complexidade Corporativa 2024

Este artigo é um fragmento do último relatório da TMF Group, o Índice Global de Complexidade Corporativa 2024.

Explore as classificações, análises e tendências globais do GBCI para te ajudar a superar as camadas de complexidade de compliance corporativo em mais de 70 jurisdições – baixe o relatório completo aqui.

Para saber mais sobre os impulsionadores da complexidade corporativa nas jurisdições que são importantes para você, explore nosso Painel de Insights de Complexidade onde você pode analisar até três mercados simultaneamente.

Footnotes

1. https://www.bloomberg.com/news/articles/2023-11-02/vietnam-poland-mexico-morocco-benefit-from-us-china-tensions?leadSource=uverify%20wall&embedded-checkout=true

2. Ibid

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