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6 August 2024

Como abordar a dupla materialidade ESG

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TMF Group BV

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Obter avaliações de dupla materialidade ESG é um primeiro passo importante – e cada vez mais obrigatório – para as empresas que pretendem medir e gerir seus...
Netherlands Corporate/Commercial Law
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Este artigo foi publicado originalmente pela Board Agenda

Obter avaliações de dupla materialidade ESG é um primeiro passo importante – e cada vez mais obrigatório – para as empresas que pretendem medir e gerir seus impactos na sociedade e no meio ambiente, ao mesmo tempo em que reconhecem os riscos e as oportunidades externas para seu negócio. Uma abordagem estruturada e gradual pode ajudar as empresas a realizarem a avaliação e a lidarem com a complexa tarefa de reporte sobre sustentabilidade.

Um número cada vez maior de empresas sediadas, ou com negócios significativos, na UE deve agora concluir suas avaliações de dupla materialidade (double materiality assessments – DMAs) como parte das obrigações de reportes ambientais, sociais e de governança (ESG) estabelecidas na Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (Corporate Sustainability Reporting Directive – CSRD) da Europa.

No entanto, a DMA é apenas o primeiro passo de uma jornada longa e complexa, deixando muitas empresas se questionando sobre como e onde devem começar a atender seus requerimentos de relatórios de sustentabilidade com base nesta avaliação.

A tarefa pode parecer intimidadora, mas ao adotar uma abordagem estruturada gradual, as organizações podem avançar. O segredo é não permitir que a busca pela perfeição dificulte o início mais rápido possível da jornada.

O que é uma DMA?

Primeiramente, é preciso recapitular o que é uma DMA de ESG. A princípio, uma DMA reúne perspectivas internas e externas ao determinar as questões de ESG que são importantes para a organização.

A perspectiva interna reúne as questões de ESG que servem de base para as próprias operações, estratégia e stakeholders da organização. Ela pode incluir riscos operacionais, gestão de recursos, bem-estar dos funcionários e alinhamento com valores e metas corporativas.

A perspectiva externa reúne as preocupações e as expectativas de stakeholders externos, como investidores, clientes, reguladores e comunidades. Ela pode incluir tendências sociais, mudanças regulatórias, feedbacks de engajamento de stakeholders e padrões da indústria.

A elaboração de uma DMA ajuda as organizações a garantirem que não estejam focados apenas em impactos operacionais próprios, mas em atender às expectativas e demandas de stakeholders externos, aumentando a transparência, a responsabilidade e a performance geral de ESG.

A DMA ajuda as organizações a concentrarem seus relatórios de sustentabilidade nas áreas certas. No entanto, é apenas o primeiro passo de uma longa jornada e há uma série de fatores a serem considerados antes de iniciar o trabalho mais pesado de coletar, analisar, reportar – e, finalmente, aprimorar – os KPIs de sustentabilidade.

Desafios da elaboração de relatórios de sustentabilidade

Após a condução de uma avaliação de dupla materialidade ESG, as empresas precisam considerar e lidar com uma série de desafios para integrar relatórios de sustentabilidade ao sucesso nas operações cotidianas:

  • Complexidade da coleta de dados – este é talvez o maior desafio pós-DMA mencionado pelas empresas. Não há como contornar o volume e a complexidade envolvida na coleta de dados relevantes e de alta qualidade relacionados às práticas ESG, tanto de dentro da organização quanto de parceiros e fornecedores externos.
    As práticas ESG abrangem uma grande variedade de questões, desde o impacto ambiental à equidade social, cada uma delas demandando diferentes tipos de dados e fontes (há mais de 1.000 pontos de dados listados nas Normas de Relato de Sustentabilidade da UE – European Sustainability Reporting Standards (ESRS)). A diversidade e a complexidade destes dados podem tornar a coleta e a análise trabalhosas. Além disso, as empresas podem encontrar dificuldades em formatos de dados inconsistentes, conjuntos de dados incompletos e garantir a precisão e a confiabilidade das informações coletadas. 
  • Integrar todas as perspectivas dos stakeholders – qualquer estratégia ESG abrangente deve incorporar as perspectivas de uma grande variedade de stakeholders, incluindo clientes, funcionários, fornecedores e comunidades locais. Alinhar estes diferentes interesses e preocupações com os objetivos da empresa é algo desafiador: as empresas precisam equilibrar as expectativas dos stakeholders com a manutenção da viabilidade operacional e da financeira. Comunicação transparente, engajamento ativo e, muitas vezes, complexas negociações serão necessários para conciliar diferentes pontos de vista.
  • Restrições de recursos – as empresas geralmente subestimam o volume de recursos humanos e financeiros necessários para implementar a elaboração de relatórios ESG em toda a organização. Atualmente, o número de funcionários envolvidos na elaboração de relatórios financeiros é muito superior ao de funcionários elaborando relatórios de sustentabilidade. As empresas precisarão alocar recursos adequados e funcionários com a expertise correta para sustentar as estratégias ESG de longo prazo. Corporações maiores precisarão montar times de elaboração de relatórios não financeiros pelo menos tão grandes quanto seus times de elaboração de relatórios financeiros. Pequenas e médias empresas podem ter dificuldades para atrair expertise suficiente de maneira acessível e podem obter um resultado mais satisfatório se recorrerem a ajuda externa para desenvolver e implementar um programa de relatórios ESG.
  • Medição e verificação – medir o impacto das iniciativas ESG e verificar os resultados obtidos são tarefas complexas, especialmente devido à falta de métricas padronizadas ou benchmarking entre as indústrias. No entanto, as empresas precisam desenvolver indicadores claros e mensuráveis sobre o sucesso das ações, o que exigirá auditorias ou certificações emitidas por terceiros, aumentando a complexidade e o custo.
  • Cenário regulatório em constante mudança – o ambiente regulatórios em torno das práticas ESG está evoluindo rapidamente, com novas leis e padrões sendo introduzidos regularmente. Se manter atualizado sobre estas mudanças e garantir o compliance é um objetivo difícil de ser alcançado para as empresas. As empresas precisam ser ágeis e devem adaptar suas estratégias de acordo com o cenário exposto. 
  • Integração na estratégia de negócios – uma vez que os tópicos materiais são identificados, integrá-los à estratégia geral de negócios consiste em um novo conjunto de desafios. Isso requer uma mudança na forma de tratar questões ESG como preocupações periféricas para incorporá-las às principais operações de negócios, processos de tomada de decisão e na cultural corporativa.
  • Engajamento e transparência – manter altos níveis de engajamento e transparência dos stakeholders em todo o processo de elaboração de relatórios ESG demanda muitos esforços. Os stakeholders esperam atualizações regulares, comunicação clara e evidências tangíveis de progresso. Conquistar e sustentar a confiança requer esforços permanentes, abertura e um comprometimento em elaborar relatórios honestos, incluindo a divulgação de fracassos e desafios.

Sete passos para iniciar o processo

A grandiosidade da tarefa de reporte de sustentabilidade pós-DMA pode parecer bastante assustadora. No entanto, ao fragmentá-la em “subtarefas” bem definidas e gerenciáveis, as empresas podem iniciar o processo. Mesmo que isso signifique limitar inicialmente o escopo de um relatório de sustentabilidade, é preferível que as empresas reportem o que puderem o quanto antes (enquanto destacam quaisquer áreas que precisam de mais empenho) em vez de atrasar completamente o processo.

1º Passo: Determinar a responsabilidade

Determinar quem é responsável por elaborar os relatórios de sustentabilidade não-financeiros deve ser a pauta principal do conselho. Quem assume a liderança deve ser o Chief Financial Office (CFO) ou o Chief Sustainability Officer (CSO)? Os relatórios financeiros em grandes corporações são, por si só, uma tarefa relativamente complexa e onerosa, mas possuem o benefício de contarem com muitas décadas de precedentes e abordam apenas alguns pontos de dados. Em última análise, o CSO/Sustainability Lead deve ser o responsável pela estratégia e governança ESG dentro da empresa, no entanto, como os relatórios ESG/relatórios não-financeiros compõem o relatório anual, eles devem ficar sob a responsabilidade do CFO.

2º Passo: Priorizar tópicos materiais e o escopo

O próximo passo é identificar e priorizar tópicos materiais que são mais relevantes para a empresa e seus stakeholders – incluindo aqueles que já estão sendo devidamente abordados e os que precisam de atenção – bem como o escopo do processo de elaboração de relatórios (quais geografias, subsidiárias, parceiros e fornecedores devem ser incluídos). Este processo envolve compreender quais questões são mais significativas tanto sob a ótica financeira quando de impacto. A priorização ajuda a concentrar os esforços nas questões mais materiais, garantindo que os recursos sejam alocados de maneira eficiente.

3º Passo: Iniciar a coleta e análise de dados

Após a identificação dos tópicos prioritários, a próxima etapa é a coleta de dados. As empresas precisam reunir informações relacionadas aos tópicos ESG escolhidos, que podem vir de registros internos, benchmarks da indústria, entrevistas com stakeholders e outras fontes relevantes. Os dados coletados devem ser analisados para compreender o impacto atual e os índices de performance. Esta etapa é crítica para estabelecer uma linha base e identificar lacunas entre o estado atual e os resultados desejados.

4º Passo: Definir metas

Com base na análise, as empresas devem definir metas claras, mensuráveis e com prazo determinado para cada questão ESG prioritária. As metas devem ser ambiciosas, mas tangíveis, e alinhadas com padrões mais abrangentes da indústria ou de âmbito global.

5º Passo: Implementar um plano de ação

Com as metas definidas, as empresas devem desenvolver e implementar planos de ação para abordar as lacunas identificadas e avançar em direção às metas definidas. Os planos de ação devem delinear etapas específicas, atribuir responsabilidade, alocar recursos e definir cronogramas.

6º Passo: Monitorar e reportar

O monitoramento regular é um elemento crucial para acompanhar o progresso em relação às metas e para compreender a eficiência das ações implementadas. As empresas devem estabelecer indicadores-chave de desempenho (key performance indicators – KPIs) e utilizá-los para medir os avanços. Os resultados devem ser reportados de maneira transparente aos stakeholders por meio de relatórios de sustentabilidade e outros canais.

7º Passo: Garantir o engajamento contínuo dos stakeholders

O engajamento interno e externo dos stakeholders – acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, entre outros – fornece insights valiosos, promove a colaboração e gera confiança. Internamente, este processo pode envolver a formação e o envolvimento dos funcionários em iniciativas ESG. Externamente, pode significar a atualização regular dos investidores e de outros stakeholders com relação ao progresso e os desafios, além de buscar seus feedbacks.

O cenário pós-DMA é repleto de desafios, no entanto vale a pena lembrar que se trata de uma perspectiva a longo prazo, e não de uma ação pontual. Ao adotar uma abordagem mensurável e gradual – começando em uma pequena escala, se necessário – as empresas podem efetivamente desenvolver sua DMA e integrar a sustentabilidade às operações principais a longo prazo.

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