Recentemente, participei numa mesa-redonda privada de discussão entre pares com quatro colegas – líderes jurídicos locais – e dedicámos algum tempo a imaginar vários aspetos do futuro da nossa indústria. O avanço da inteligência artificial, e os seus efeitos em cascata, foi um dos principais temas em debate. Pouco depois, a Affine, fornecedora de uma das nossas ferramentas de inteligência artificial, pediu à minha equipa de advogados da Gama Glória que preenchesse questionários e fornecesse um testemunho sobre o papel da IA no nosso trabalho. Estas duas experiências levam-me a partilhar algumas reflexões sobre a revolução da IA no campo do direito e o que podemos esperar do futuro.
Preparar para o futuro começa com fazer as perguntas certas sobre o negócio do direito e responder com uma visão clara dos nossos pontos fortes e fracos. Cada setor enfrenta a sua própria forma de disrupção tecnológica, pelo que pode ser útil considerar outros exemplos – mas a que setor podemos comparar os serviços jurídicos?
A conversa com os meus colegas na mesa-redonda foi franca e aberta. Focámo-nos, em grande parte, nas implicações da adoção da IA na profissão jurídica e discutimos questões fundamentais que exigem respostas enquanto os nossos escritórios olham para a próxima década. Por exemplo, o que acontecerá à composição e à alavancagem das firmas? Que alterações terá a proporção entre sócios e advogados juniores? Que competências e características serão relevantes quando a memória perfeita de regras e regulamentos for fornecida pela IA? Os escritórios tornar-se-ão centros de treino de modelos de IA específicos para temas de interesse? Se assim for, como será a estrutura de preços, e para quem reverterão os ganhos de produtividade?"
A Affine está a trabalhar na Gama Glória. Incorporámos o conhecimento da Gama Glória em modelos para uso na advocacia portuguesa, e os resultados são impressionantes. A função de pesquisa é eficiente e o resultado final assemelha-se a ter um número infinito de advogados juniores a realizar pesquisas jurídicas. Isto dá a toda a equipa mais liberdade para se concentrar em tarefas de nível superior – o que significa que conseguimos alcançar mais com o mesmo número de advogados num projeto. Este impacto é real: trata-se de um grande fator de equilíbrio entre escritórios de diferentes dimensões, e essa vantagem só aumentará à medida que a tecnologia evoluir.
Estamos a trabalhar com as máquinas, estamos a trabalhar com os modelos, e isso já está a transformar o setor. Mas não nos podemos acomodar, porque isso levanta uma questão muito importante: quais são os limites do modelo? Onde está a fronteira em que o modelo deixa de funcionar, para além da qual a máquina já não nos serve? Para além dessa fronteira, estamos por nossa conta. Os advogados que conseguem imaginar esse futuro, visualizar essa fronteira, identificar os limites do modelo e compreender como crescer além deles – esses são os líderes que farão a diferença.
The content of this article is intended to provide a general guide to the subject matter. Specialist advice should be sought about your specific circumstances.