CFOs não podem prever todos os desafios quando estão entrando em um novo mercado, mas eles podem se preparar para enfrenta-los de frente.

Reguladores globais de contabilidade e impostos estão fazendo movimentos na direção da uniformidade e harmonização. Iniciativas de transparência, tais como o intercâmbio internacional da OECD de Relatórios País-a-país (CbCR) estão valendo em 77 jurisdições. E aproximadamente 90 países se adaptaram completamente aos Padrões Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS). No entanto, a imprevisibilidade reina para um chief financial officer que esteja buscando estabelecer operações em um novo mercado.

Incontáveis diferenças operacionais existem para negócios internacionais e requerimentos locais rígidos, leis locais em constante mudança e a adoção de relatórios digitais podem gerar desafios.

Um prazo é um prazo

Uma das regras fixas que as empresas enfrentam são os prazos para os envios de relatórios fiscais e estatutários. Estes prazos não podem ser estendidos em 63% das 76 jurisdições pesquisadas no Índice Global de Complexidade Corporativa (GBCI) – um relatório que mede a dificuldade relativa – ou facilidade – de ambientes corporativos ao redor do mundo.

"Estes prazos colocam uma grande pressão sobre as empresas, porque elas precisam coletar a informação necessária e reporta-la a tempo", explica Emine Constantin, Head Global de Accounting & Tax na TMF Group. "Para fazer isso, elas devem ter os sistemas e processos locais corretos e em compliance", ela continua.

A indisposição de autoridades financeiras em estender prazos de envios está ligada ao aumento do desejo de ter dados de empresas em tempo real. "Há uma tendência global de reduzir a evasão fiscal e fraudes, e a demanda para que contribuintes participem em relatórios em tempo real ajuda as autoridades a diminuir isso".

Tornando-se digital

A revolução digital que está atingindo o cenário global de contabilidade e impostos não é nova, mas as jurisdições variam muito em relação à sua maturidade de digitalização. O Brasil, cuja digitalização de relatórios é muito avançada depois de ser o primeiro país a usar a tecnologia para padronizar relatórios fiscais e aumentar o investimento estrangeiro, é um exemplo. Ele é o terceiro país mais complexo para se fazer negócios de acordo com o GBCI, atrás da Indonésia (2) e Grécia (1).

"O Brasil iniciou sua jornada de digitalização em 2000, então ele teve tempo para melhorar seus sistemas e adaptá-los para os diversos desafios que surgiram", diz Constantin. Outras jurisdições estão apenas começando a se digitalizar. "Geralmente, o processo se iniciar com a introdução de notas fiscais eletrônicas. Itália e Hungria são dois países europeus que começaram recentemente a tornar isso obrigatório. Nós tipicamente vemos, em seguida, o envio de relatórios eletrônicos se estendendo a outras áreas de coleta de impostos".

A digitalização é importante, mas não é o fator chave em determinar a pontuação de complexidade para negócios em uma jurisdição de uma perspectiva de compliance financeiro. Se fosse, o Brasil estaria discutivelmente classificado muito mais baixo do que o terceiro país mais complexo do mundo. "A complexidade depende de muitos fatores", diz Constantin. "Pode-se dizer que quando você reporta dados digitalmente em uma jurisdição, isso torna as coisas muito mais simples, particularmente depois das dores de cabeça do estágio inicial de implementação. No entanto, a complexidade de negócios não está só relacionada com a maneira em que os dados são reportados às autoridades. Também tem a ver com a frequência com que as leis são mudadas e mais especificamente, quais notificações são dadas às empresas sobre elas".

Um ambiente em mudança

Constantin explica que os países que tendem a estar classificados como mais complexos no GBCI são aqueles com mudanças muito frequentes, de última hora e que costumam pegar as empresas de surpresa. "Os períodos de aviso são muito curtos e deixam as empresas com zero tempo para se adaptar, implementar e entender o impacto da mudança para suas operações".

Um fator que fez com que a Grécia estivesse no topo do GBCI é a variação de impostos entre as ilhas. Leis conflitantes e em constante mudança tornam difícil que empresas saibam com o que estar em compliance. Em alguns casos, as restituições do IVA na Grécia são sujeitas a diferentes tratamentos fiscais dependendo do escritório individual com o qual uma empresa lida. Ocasionalmente, declarações idênticas de dividendos são taxadas em valores que variam em mais de 10%.

A China, classificada em nona no Índice, têm leis diferentes nos níveis provincial e federal – e até mesmo entre cidades. Constantin comenta: "No entanto, a terceira fase do projeto "Golden Tax" do governo simplificará o processo de submissão eletrônica de restituição de impostos e isso deve tornar as coisas mais fáceis para empresas que operam na China".

Não ignore os detalhes

Em relação a montar planos de expansão de negócios e realizar avaliações de riscos, Constantin acredita que os CFOs podem ser frequentemente acusados de negligenciar questões administrativas fundamentais. "Nós vemos isso em alguns dos nossos clientes. Eles estão compreensivelmente muito focados no lado operacional das coisas e esquecem de levar em conta os registros, incorporações e obrigações locais de contabilidade e impostos da empresa". Constantin ressalta que é importante que um CFO entenda os custos destes processos essenciais, os desafios que irão enfrentar e formular um plano de ataque. "Faz sentido buscar parceiros de contabilidade e impostos com conhecimento local e expertise nos países para os quais eles estão se mudando, a fim de ajuda-los a mitigar os riscos".

Explore os perfis de complexidade de jurisdições-chave no Índice Global de Complexidade Corporativa.

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