A Petrobras acertou a venda integral de três campos de águas rasas da Bacia de Campos e de outros 34 campos onshore da Bacia Potiguar para a Perenco e a 3R, respectivamente, pelo valor total de US$ 823,1 milhões. Os dois negócios foram firmados dentro do plano de desinvestimento e tiveram a aprovação do Conselho de Administração na terça-feira (27/11), durante reunião extraordinária do colegiado.

As duas operações terão que ser aprovadas pela ANP, sendo que os primeiros aportes de pagamentos à Petrobras serão feitos em dezembro, após a assinatura dos contratos. Tanto a Perenco, quanto a R3 só assumirão a operação dos ativos em 2019.

Dos US$ 823,1 milhões assegurados pela Petrobras com as duas operações, US$ 453,1 milhões são referentes aos 34 campos do polo de Riacho da Forquilha (RN) e US$ 370 milhões aos campos de Pargo, Carapeba e Vermelho, localizados em Campos. Segundo apurado pela BE Petróleo, o negócio com a 3R foi fechado na fase de rebid, depois que o grupo desbancou a PetroRecôncavo, que desde a etapa das propostas firmes vinha negociando o cluster de ativos sozinha com a Petrobras por ter apresentado na ocasião a melhor proposta.

A proposta de US$ 453,1 milhões da empresa novata criada em 2013 especialmente para disputar o processo de venda de ativos da Petrobras, deixou para trás a oferta original da PetroRecôncavo que girava em torno de US$ 240 milhões. Na primeira fase, o polo de campos do Rio Grande do Norte foi disputado também pela Ouro Preto, que ofereceu um valor de cerca de US$ 180 milhões pelo grupo de ativos.

O preço apresentado pela 3R surpreendeu o mercado. Entre as empresas com atividade no segmento de campos maduros a percepção é de que esse valor é quase que incompatível com as perspectivas de ganho geradas alcançadas neste tipo de projetos.

O valor atual, segundo Daniel Soares, um dos sócios da 3R, reflete o novo patamar de preço do barril do petróleo. "Esse processo está sendo negociado há mais de um ano. Quando apresentamos a primeira proposta, o preço do petróleo era outro, bem mais baixo que o de agora, e além do mais entramos no rebid para ganhar", argumenta o executivo.

O contrato entre a 3R e a Petrobras será assinado no dia 7 de dezembro, quando está previsto o pagamento de sinal de 7,5%, ou seja, US$ 34 milhões. O restante da operação será desembolsado após a aprovação final da operação pela ANP e o órgão ambiental do Rio Grande do Norte, o que deve ocorrer no primeiro trimestre de 2019.

A 3R é um grupo brasileiro que tem como premissa redesenvolver, revitalizar e repensar campos onshore no Brasil. Os sócios são oriundos da Perez Companc e o time conta com executivos de vários países da América Latina.

Novos poços

O plano de trabalho do grupo prevê a perfuração de novos poços no polo de Riacho de Forquilha para aumentar a malha e ampliação do volume de injeção de água. A expectativa é de que ao longo dos próximos dez anos possam ser perfurados cerca de 100 poços e investidos pelo menos US$ 300 milhões. As estimativas são de que seja possível aumentar o fator de recuperação dos campos entre 4% a 6%.

O polo de Riacho da Forquilha produz atualmente cerca de 6 mil b/d de óleo. O ativo inclui os seguintes campos: Acauã, Asa Branca, Baixa do Algodão, Boa Esperança, Baixa do Juazeiro, Brejinho, Cachoeirinha, Cardeal, Colibri, Fazenda Curral, Fazenda Junco, Fazenda Malaquias, Jaçanã, Janduí, Juazeiro, Lorena, Leste de Poço Xavier, Livramento, Maçarico, Pardal, Patativa, Pajeú, Paturi, Poço Xavier, Riacho da Forquilha, Rio Mossoró, Sabiá, Sabiá Bico de Osso, Sabiá da Mata, Sibite, Três Marias, Trinca Ferro, Upanema e Varginha.

Com o negócio, a 3R assumirá a operação de 30 campos, mantendo participação de 100%. Os únicos que não serão operados pelo grupo serão Cardeal e Colibri onde a Petrobras detém 50% de participação tendo a Partex como operadora com 50% de participação, e os campos de Sabiá da Mata e Sabiá Bico-de-Osso onde a Petrobras tem 70% de participação tendo a Sonangol como parceira e operadora com 30% de participação.

Além do pacote de Riacho da Forquilha, a 3R negocia ainda a compra de três outros 3 projetos de desinvestimento da Petrobras – Miranga, na Bahia, com nove campos, Macau, no Rio Grande do Norte, com sete ativos, e Sergipe 2, com três campos. A participação do grupo no programa de desinvestimento da Petrobras vem sendo feita, junto com uma trading company, uma empresa de serviço e um petroleira do exterior, cujos nomes são mantidos em sigilo.

Bacia de Campos

Ao contrário do processo de Riacho da Forquilha, a operação firmada com a Perenco para o pacote de Pargo, que contempla os campos de Pargo, Carapeba e Vermelho, não demandou rebid. Segundo apurado com fontes da Petrobras, as mudanças feitas no contrato de compra e venda (PSA) foram pequenas.

A primeira parcela do negócio foi paga nesta quarta-feira (28/11), quando foi assinado o contrato entre as duas empresas. A Petrobras recebeu um sinal de 20% dos US$ 370 milhões, ou seja, US$ 74 milhões. O restante do valor será acertado no fechamento da transação, depois que a operação for aprovada pelas autoridades brasileiras, como a ANP, o que é esperado para ocorrer até o fim do primeiro semestre.

Aquisição dos três campos marca a estreia da Perenco na atividade de produção no Brasill. O grupo estrangeiro já atua no Brasil, mantendo ativos de exploração. Os três ativos produzem juntos 9 mil b/d de óleo e contam com uma estrutura integrada de sete plataformas fixas.

Balanço do desinvestimento

Com as duas operações anunciadas nesta quarta-feira (28/11), a Petrobras atinge o valor de US$ 8,5 bilhões de contratos de desinvestimentos assinados em 2018, ante a meta de US$ 21 bilhões para o período 2017-2018. A expectativa, segundo fontes do alto escalão da petroleira, é de os próximos da fila a serem assinados sejam os contratos dos polos de Enchova e Pampo, abertos recentemente para rebid.

A previsão da petroleira é de que a venda de ativos ao longo de 2019 garanta um montante da ordem de US$ 12 bilhões. A empresa ainda tem 14 grupos de ativos à venda hoje, em diferentes estágios de negócio.

O número de negócios firmados através da venda de ativos soma até o momento 18 processos, o que envolveu a participações de empresas de 12 países compradores.

Segundo apurado, a Petrobras tem recorrido ao recurso do rebid em vários processos. É quase certo que no processo de venda da TAG também seja necessário a adoção de rebid.

Fonte: Revista Brasil Energia

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