A Petrobras irá rebidar os processos de desinvestimento dos pacotes de Enchova e Pampo, localizados na Bacia de Campos. Assim, a empresa voltará a oferecer os dois pacotes às empresas que apresentaram propostas firmes, junto com o consórcio Ouro Preto/ EIG Global Energy Partners, selecionado há alguns meses por ter ofertado o melhor preço para o negócio, com o valor de cerca de US$ 1 bilhão. Segundo apurado pela BE Petróleo, o rebid foi lançado nesta segunda-feira (26/11), com data de entrega de propostas para o dia 7 de dezembro.

O recurso do rebid integra uma das exigências determinadas pelo TCU no processo de desinvestimento e já foi utilizado anteriormente pela Petrobras em outros pacotes. A estratégia é necessária quando há um volume expressivo de mudanças no contrato original de compra e venda (PSA) para que os demais proponentes tenham a oportunidade de reavaliar sua participação.

Aparentemente, o convite do rebid de Enchova e Pampo foi enviado apenas para a Trident Energy e a PetroRio. Nessa nova fase, as empresas recebem os termos finais do PSA negociado com consórcio Ouro Preto/ EIG Global Energy e têm até a data de entrega de propostas para avaliar o documento e apresentar ou não nova proposta, junto com as garantias e a carta de crédito.

A Petrobras e o consórcio Ouro Preto/ EIG Global Energy vinham negociando diretamente os dois pacotes há cerca de seis meses, desde que o grupo apresentou a melhor proposta e, na semana passada, fecharam enfim todos os termos do PSA. Embora tenham a vantagem de receber um contrato final já discutido nos mínimos detalhes, os possíveis concorrentes do rebid têm o desafio de correr contra o tempo para refazer suas propostas e buscar as garantias, caso tenham interesse no negócio.

A questão do tempo conta a favor da empresa originalmente selecionada, tendo em vista o grande número de documentos a serem providenciados e o período expedito para elaboração de propostas no rebid. Por outro lado, as empresas que voltam ao processo têm a vantagem de conhecer, ainda que de modo informal, o patamar de preço praticado pelo primeiro colocado e recebem um PSA já mastigado.

Segundo apurado, há casos no programa de desinvestimento em que o rebid alterou o resultado final do processo. O plano da Petrobras é concluir os processos de venda dos pacotes de Pampo e Enchova ainda neste ano. Internamente, a petroleira trabalha com a data de 19 de dezembro para submeter os contratos à aprovação do Conselho de Administração.

Caso as empresas chamadas para o rebid não apresentem propostas ou não consigam desbancar a proposta do consórcio, a Ouro Preto fará sua estreia como operadora de campos em produção e a EIG, grupo que detém a Prumo Logística, marcará seu ingresso no segmento de E&P. Seja qual for o vencedor do processo, a aposta é de que o novo operador irá adotar um modelo de produção inédito para tentar reduzir custos, o que pode vir a incluir, por exemplo, a operação do sistema por terra.

Dez campos em jogo

Os dois pacotes contemplam dez campos e uma produção total de mais de 35 mil boe/dia. O cluster de Enchova inclui os campos de Enchova, Enchova Oeste, Bicudo, Bonito, Marimbá e Piraúna, que contam com 32 poços, cinco plataformas e produzem cerca de 26 mil boe/dia. Já o pacote de Pampo contempla os campos de Badejo, Pampo, Linguado e Trilha, 27 poços, duas unidades e uma produção de quase 10 mil boe/dia, segundo dados da ANP de setembro.

O teaser dos pacotes de Pampo e Enchova foram lançados em julho de 2017. Durante o período de negociação exclusiva com a Petrobras, a Ouro Preto chegou a ter reunião com a ANP para conversar sobre transferência de operação, plano de abandono de poços e perspectivas de renovação do tempo de concessão dos ativos.

Os dois pacotes exigem operador B, mas no mercado existe a preocupação de que essa questão possa gerar problema junto à ANP no cluster de Enchova, durante o processo de transferência da concessão, em razão de o campo de Marimbá estar localizado em lâmina d'água de até 700 m. Sob os critérios da agência, o ativo tem características específicas para operador A e não B como estipula a Petrobras.

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